Eu odeio as borboletas no meu estômago que brotam quando te
vejo. Odeio quando passa por mim sem me cumprimentar e odeio ainda mais quando
se vai sem se despedir de mim. Eu odeio como meu humor muda drasticamente
quando você está por perto. Odeio quando você me olha nos olhos por tempo
demais e faz com que eu me sinta transparente, como se você fosse capaz de ver
tudo que se passa dentro de mim. Odeio a sua postura de quem não se importa com
nada, e odeio ainda mais quando acredito que essa sua postura é real comigo
também.
Eu odeio quando você insiste em dizer que está tudo bem
quando eu posso ver estampado na sua cara que isso é uma enorme mentira. Odeio
te ver voltando a velhos hábitos e odeio sentir que meu apoio não te vale de
nada as vezes. Odeio o modo como você parece nunca conseguir ficar quieto por
mais de meio segundo. E talvez seja paranoia minha, mas eu realmente odeio
quando percebo de canto de olho que você pede para alguém falar mais baixo
quando o assunto não me seria interessante.
Eu odeio o sabor amargo que a sua música favorita me deixa
nos lábios quando a escuto agora, odeio também esse vazio que aparentemente nem
todas as garrafas de vodca no universo conseguiriam preencher; já que mesmo
quando meu cérebro não consegue controlar meus membros a memória de você
continua lá, boiando em meio ao álcool. Como eu odeio isso... Odeio o quão
triste eu fico quando te escuto bater a porta do carro. Odeio quando você não
responde minhas mensagens e odeio ainda mais quando as responde com uma palavra.
Eu odeio lembrar da cor dos seus olhos na penumbra, tão
próximos dos meus que minha visão embaçava levemente. Odeio o toque de seus
dedos no meu rosto. Odeio como me faz rir. Odeio o nervosismo ridículo que toma
conta de mim quando sei que vou te encontrar, e também odeio o sentimento que
me toma quando não te vejo. Odeio quando ficamos sem nos falar por muitos dias
e não consigo vencer esse meu orgulho inútil. Odeio lembrar de alguma coisa
aleatória que disse tempos atrás e como eu sempre acabo rindo, por mais sem
graça que a memória seja.
Eu odeio desejar que você estivesse ao meu lado em momentos
aleatórios do dia, e odeio sentir saudade de como as coisas eram no início.
Odeio como de repente tudo parece me lembrar você e o quão cansativo isso tudo
é. Odeio sentir o ciúmes aquecendo meu sangue quando você insiste em me contar
das garotas do passado, odeio também imaginar quais são as do presente. Odeio o
quanto me divirto ao seu lado e quão sem sentido algumas coisas parecem ser
quando você não está por perto. Odeio as bitucas de cigarro que você deixa por
aí. Odeio o fato de ter que controlar a minha respiração e me concentrar ao
máximo para não deixar umas lágrimas teimosas me escaparem enquanto escrevo
isso. Odeio não conseguir te dizer tudo isso pessoalmente.
Eu odeio ainda mais não conseguir dizer o que eu sinto por
você. Mesmo que eu acredite que você já saiba, o que me faz te odiar um
pouquinho mais por não tocar no assunto. Às vezes eu te odeio. Às vezes sinto
vontade de te virar as costas e nunca mais voltar. E eu não consigo. Não
consigo porque não importa quantos milhões de coisas eu odeie em você, de
alguma forma elas sempre me parecem insignificantes perto de tudo o que eu
adoro em você. A lista é igualmente grande. Eu odeio muitas coisas em você, mas
acima de tudo eu odeio a forma com que eu nunca consigo te odiar.
E eu me odeio por isso.
Por Mariana J.
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