Foi na sua festa de 19 anos. Eu estava procurando mais
cervejas na geladeira da casa da sua amiga que organizara a comemoração quando
você entrou sorrindo. Você disse meu nome com a voz trêmula por álcool demais,
e eu, agachado tentando agarrar todas as garrafas geladas sorri como criança em
manhã de natal. Eu amava a sua voz dizendo meu nome. Então eu me levantei, e
você de cabelos bem mais curtos, os olhos azuis bem marcados e um vestido cor
de pérola, veio gingando até mim. Os passos um pouco tortos, o sorriso
malicioso, os olhos baixos. Me beijou sem pedir licença. Entrou no meu peito
elevou o meu coração consigo sem pensar duas vezes. E eu nem me importei em
pedi-lo de volta.
Quando seus lábios se soltaram dos meus e seus dedos
largaram a gola da minha camisa de flanela, era visível o quão desconfortável
você estava. E também pudera, eu quase não me mexera, enquanto você conseguia
deixar os meus cabelos o mais desgrenhados possíveis – visual que depois decidi
adotar, já que você dizia que combinava comigo. “Eu...Não devia ter feito isso.
Faz muito tempo que eu queria, eu só...Não queria te assustar desse jeito” você
dizia distante, o olhar nos próprios pés. Então eu deixei as garrafas sobre a
pia e te puxei pra mim. Te beijei como deveria ter te beijado segundos antes.
Te beijei como eu queria desde o instante que meus olhos pousaram nos teus,
meses antes.
E agora é dia 18 de novo. Mais um ano seu de vida. Mais um
ano meu de vida sem você. E dói, Giulia. Honestamente dói saber que eu posso
até te comprar um bolo de morango para comemorar mais 365 dias vividos, mas eu
teria que comê-lo sozinho. Dói pensar que se eu discar os números que eu
decorei depois de tantos anos para desejar felicidades, não será a sua voz do
outro lado da linha. Dói mais ainda saber que você está por aí, em algum lugar,
e eu aqui não podendo fazer nada para anular a distância entre nós dois.
Mais uma vez eu chorei. Chorei por me sentir tão incapaz,
por não ter ideia alguma de por onde você anda, por não poder te abraçar, por
não saber se você está bem. E quantos anos você completa hoje Giulia? 23? As vezes
me confundo. É o segundo aniversário teu que não passo ao seu lado e meu
cérebro parece que ainda não se acostumou com essa ideia. Ele não sabe lidar
com o fato de que meus mais sinceros desejos de feliz aniversario nunca
chegarão às tuas mãos. Eu também não sei lidar.
Mas hoje eu só desejo que você esteja bem. Desejo que você
tenha um ano maravilhoso. Uma vida maravilhosa e digna de ser lembrada. Eu
espero que você esteja gostando de onde você está, que esteja feliz com as suas
escolhas, que esteja contente com a vida que vive hoje. Desejo que você
continue bem humorada, e que a sua risada continue contagiando a de outras
muitas pessoas como fazia comigo. Espero que hoje tenha sido um dia de sol aí,
sei como você gosta de dias assim. E eu te desejo muitos dias de praia, muitas
bandas novas para você se obcecar loucamente, muita saúde, menos bebedeiras,
mais filmes de comédia pastelão – sei o quanto você se diverte com eles – e
acima de tudo; te desejo todo o amor desse mundo. Todo o amor que eu desejava
te dar. Espero que você o encontre nos braços de outro alguém.
E eu sei. Eu sei que você muito provavelmente nunca vai ler
nem essa, nem nenhuma das páginas que deixei por aí sobre você; mas a sua banda
favorita está tocando no rádio, meu coração dói, meus olhos nadam em lágrimas e
você não está aqui. Esse é o meu único jeito de tentar te alcançar. É tudo o
que eu posso fazer; escrever e desejar que você um dia encontre essas minhas
palavras. Continuar pensando em você com carinho, esperando que essas boas
energias cheguem até você, e quem sabe um dia, você se pergunte por onde eu
ando. Esse é o meu jeito de mostrar que apesar de tudo eu ainda me preocupo.
Que apesar de tudo eu ainda não consigo te esquecer totalmente, e nem iriei.
Esse é o meu jeito de dizer que eu ainda te amo.
Ah se te amo Giulia.
Feliz aniversário princesa, espero que seja um ano incrível.
Com todo carinho e a mais profunda e sincera saudade,
Matheus.
Por Mariana J.
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