Eu estaria mentindo caso dissesse
que isso é fácil. Não é, mas tentar continuar é impossível. Eu sou um covarde e
você sabe disso. Essas linhas tortas são
provavelmente o ápice de toda a minha covardia. Palavras que eu não consigo
dizer na sua cara. Quatro palavras. Toda vez que eu te encontro é a mesma
coisa. Meu coração não acelera quando escuto sua voz. Seus lábios não tem o
mesmo gosto de antes. Seu toque não faz meu sangue ferver. Meu corpo não tem a
mesma urgência pelo seu. Quatro palavras. Por bastante tempo eu esperei o
momento certo pra dizê-las, mas acontece que não existe um bom momento para
notícias ruins. Ainda assim essas palavras que minha boca não consegue
pronunciar ardem nas minhas cordas vocais, implorando para ficarem livres
enfim. Covarde que sou, sei que não conseguiria fazer isso na sua frente por
isso quando chegar a ler esse papel velho eu já não estarei mais aqui. Não me
procure. Não me ligue. Eu não quero ver seus olhos vermelhos de chorar, não
quero ouvir sua voz embargada, não quero que você me peça pra ficar. Quatro
palavras: Eu não te amo.
Pelo menos uma vez na vida,
escute seus amigos. Eles sempre souberam que eu não iria te fazer bem... E como
faria? Eu sou só um garoto. Um garoto bêbado de vinte e quatro anos. Quando
você acordar e encontrar essas palavras onde deveria estar meu corpo
adormecido, não chore. Não desperdice suas lágrimas comigo. Nunca mais. Esqueça
que eu existo. Não passe em frente do prédio onde moro. Jogue fora qualquer
coisa que você possa relacionar comigo. Bilhetes, notas fiscais de restaurante,
canhotos de cinema, qualquer coisa. Delete meu número da sua lista de contatos,
não importa se você já o decorou, delete ele da sua cabeça também. Apague as minhas mensagens, tire qualquer
rastro meu que possa existir no seu apartamento. Jogue aquela minha camisa
xadrez fora, eu não vou usá-la mais. Rasgue as nossas fotos. Queime-as se
preferir. Faça o que quiser, mas não me ame. Eu não te amo.
Esqueça o gosto dos meus beijos.
Tenha nojo do calor da minha pele. Odeie a minha voz rouca. Ridicularize a
minha risada e as roupas que eu visto. Não ouse querer meu corpo no seu outra
vez. Esqueça as palavras bonitas que você me disse. Esqueça toda e qualquer
coisa que você sentiu por mim. Não foi recíproco. Eu não te amo. Não vá escutar
as músicas que eu gosto, não se embebede com a minha bebida preferida, não
pergunte de mim aos meus amigos. Não me procure nas ruas, não imagine como está
sendo a minha vida sem você, não se pergunte se estou bem. Escute seus amigos e
me deixe em paz.
Não, nós não podemos ser amigos.
Estou ciente disso, mesmo que eu desejasse o contrário. Eu não faço bem pra
você, e ah garota, creio que nem como amigo sairia alguma coisa boa desse meu
coração de pedra. Siga o seu caminho.
Corte seus cabelos longos que eu gosto tanto, vista sua roupa favorita, pinte
seus lábios de vermelho, amanheça na cama de outro cara mas não me ame. Me
desame. Faça com que o meu nome tenha gosto de ácido gástrico na sua boca.
Odeie a minha infantilidade e falta de compromisso com tudo. Se convença de que
está melhor sem mim. Esqueça meu senso de humor ridículo, tenha nojo dos meus
filmes favoritos. Diga para suas amigas
o quão covarde eu sou. Rasgue esse papel em milhares de pedaços e queime cada
um deles. Arranque de você todos os pedaços que eu envenenei.
Eu nunca imaginei que chegaríamos
a isso. Não esperava que isso fosse tão longe. Eu sinto muito pelas lágrimas
que eu causei. Sinto muito por ter te machucado tantas vezes, você não merece
isso, nem de mim, nem de nenhum outro cara. Eu não quero te machucar nunca
mais, mas para tal eu preciso fazer isso uma última vez. E é por isso que eu repito, e agora pela
última vez:
Eu não te amo.
Por Mariana J.
n/a: Esse texto foi inspirado na música "These four words" dos caras incrivelmente talentosos do The maine. Se você ainda não conhece a banda, fica a dica.
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