Era a quinta vez que eu ligava para ele em três minutos e
ele ainda assim não me atendia. Eu sabia que Josh estava trabalhando mas eu
estava tão eufórica que não conseguia evitar, tinha que falar com ele naquele
mesmo segundo. Já estava pronta para fazer uma sexta tentativa de contatá-lo
quando sua foto pulou na tela do meu celular que vibrava tanto quanto as minhas
mãos.
- Ally? Tá tudo bem? O que acont...
- Josh, eu passei.
- Passou? Espera, do que você tá falando? – Eu senti que ele
estava sorrindo e fiz o mesmo. Ele sabia do que eu estava falando.
- A série, Josh, eles me escolheram. É sério. ELES ME
ESCOLHERAM EU SOU PARTE DO ELENCO PRINCIPAL EU SOU PARTE DA SÉRIE JOSHUA! – Sentia
como se meu rosto fosse rasgar a qualquer segundo de tão enorme o sorriso no
meu rosto era.
- MEU DEUS ALLISON! – Comecei a chorar no meio da rua.
Vergonhoso, eu sei – Isso é tão incrível amor, eu estou tão orgulhoso de você!
Eu sabia que você conseguia, você é incrível princesa. NÓS TEMOS QUE COMEMORAR,
eu vou pensar em alguma coisa e te mando as coordenadas por mensagem.
Eu não podia pedir um namorado melhor.
De noite, depois de eu ter passado a tarde com uma melhor
amiga que estava tão surtada quanto eu – Charlie saiu na sacada pelo menos dez
vezes pra gritar “MINHA AMIGA VAI SER UMA ESTRELA” a quem quisesse, ou não,
ouvir- Joshua me buscou para jantar em um restaurante tão sofisticado que eu me
senti mal por não estar vestindo um longo.
Contei a ele todos os detalhes do segundo teste e de como me escolheram
para um papel diferente do qual eu me candidatei.
- Qual o nome da sua personagem mesmo amor? – ele servia
minha terceira taça de vinho e eu já conseguia sentia meu rosto esquentando.
- Rainbow. Já da pra imaginar que é uma personagem bem...
Única né? – A sitcom seguiria os padrões de Friends, mostrando o dia a dia de
um grupo de seis amigos que no caso se conhecem desde a época do colégio. Minha
querida personagem era formada em artes plásticas e morava num micro
apartamento/atelier totalmente pintado e decorado com peças próprias. Um
espírito livre, não muito parecida comigo, o que era muito legal. Só tinha dois
probleminhas.
- A personagem tem cabelo bem comprido. E umas mechas em
roxo bem forte. – Meus cabelos estavam coisa de um palmo abaixo dos meus ombros
e eu nunca nem mesmo tinha usado qualquer tipo de tintura – Me disseram que vão
me colocar uns apliques.
Josh começou a rir baixo enquanto pescava a sua salada Caprese
no enorme prato de porcelana à sua frente. Quando o perguntei o motivo do riso,
me respondeu:
- Você vai ficar uma fofura de cabelo roxo. Vai parecer uma
blueberry. – depois que percebeu minha confusão sobre se parecer uma frutinha
era uma coisa boa, completou – Foi um elogio, a propósito. Com essas suas bochechas
redondinhas e cabelo roxo, vai ficar o extremo da fofura. – Eu sempre odiei que
me apertassem as bochechas, mas não com Josh. Não havia nada que ele fizesse ou
falasse que eu não amasse loucamente. Até me chamar de blueberry.
- Me escolheram pro papel da Rainbow depois da cena que eu
fiz com o Tyler. Ele vai interpretar o Max, par da minha personagem. – Senhoras e Senhores, apertem os cintos.
Joshua quase cuspiu vinho no restaurante inteiro. Conseguia sentir o nervosismo
dele do outro lado da mesa, enquanto ele buscava o guardanapo de linho do colo
para limpar os lábios. Nem estavam sujos pra começo de conversa.
- Você... Você vai ter um par romântico Allison?
- Não no começo. A história deles vai se desenvolver com o
tempo. Tipo Mondler, sabe? – Eu tentava ser casual, continuei cortando o meu
frango recheado como se estivéssemos falando sobre a previsão do tempo pro fim
de semana.
- E esse... Esse Tyler, é... Bonito? – Ele nem me olhava no
rosto. Estava se empenhando muito em cortar o mesmo pedaço de canelone de
ricota dez milhões de vezes. Resolvi ver até onde ele aguentava. Aquele era um
Joshua completamente novo pra mim. Com ciúmes, quem diria.
- Pode se dizer que sim. O cara parece um armário. Deve ter
1,90 e pouco de altura. Olhos azuis, uma barbinha legal... Ele é ruivo!
Primeiro ruivo que eu conheço. Super gente boa, tem piadas ótimas.
- Aham, aham, aposto que ele deve ser muito legal mesmo. – A essa altura ele já havia desistido de cortar
seu jantar e deixou os punhos fechados sobre a mesa para dois. Quando olhou pra
mim notei as rugas que marcavam a sua testa e a veia pulsando em seu pescoço
rosado – E vai demorar muito pra Rainbow e Max darem umas beijocas? Talvez uns
três episódios?
Mesmo sendo até divertido vê-lo tão enciumado, comecei a me
preocupar com o tamanho da veia pulsante e decidi que era hora de parar. Mandei
minhas mãos até as dele que estavam fechadas como se fossem socar alguém. Logo
que toquei sua pele já senti a tensão diminuir e vi seus músculos relaxarem,
quase como se ele soltasse a respiração depois de prende-la por tempo demais.
- Ei, eu não dou a mínima pro cara ok? Ele é só um colega de
trabalho, não tem nada além disso. E como eu poderia olhar pra qualquer cara do
mundo quando eu tenho o melhor só pra mim? – Consegui que ele me mostrasse
aquele sorriso pra mim e por um momento juro que esqueci até de onde estávamos.
Eu só queria pular no seu colo e lascar um beijo naquele homem.
- Desculpa tá? – Agora ele segurava as minhas mãos. Nada de
veia pulsando. Nada de rugas na testa. Só o bom e velho Josh. – É que eu te amo
demais e não consigo nem imaginar ter que te dividir com alguém.
- E nem vai.
***
Minha rotina estava completamente louca. Acordava bem mais
cedo todos os dias e corria até o estúdio que por acaso ficava a quilômetros da
minha casa – ugh, cidade grande – para mais um dia agitado de gravações. Todos
eram extremamente simpáticos, do elenco até os caras da equipe técnica que os
abasteciam de café todo dia. Estávamos a poucos dias do lançamento oficial da
série na tv a cabo e meu coração parecia querer romper minha caixa torácica. Charlote
sempre passava o texto comigo e me obrigava a gravar as cenas no nosso
apartamento para que eu soubesse o que precisava mudar. Joshua estava bem mais
tranquilo quanto ao meu “par romântico” que nem par era ainda. E mesmo com a
loucura de gravações/photoshoots de divulgação eu ainda conseguia ter um pouco
da minha antiga rotina. Comida chinesa toda Quinta com Charlie, café da manhã
todo Sábado com Josh, noite de filme todo Domingo.
Em um dos Domingos, minha colega de apartamento estava fora
da cidade – Tinha o casamento de uma prima em Iowa – e Josh e eu acabamos
pegando no sono enquanto assistíamos “2001: Uma odisseia no espaço” (devo
avisar que depois desse episódio nós realmente vimos o filme e ele é bem legal
até). Os créditos já haviam acabado a tempos e nós já estávamos até acordados.
Os dois deitados no meu colchão largado no meio da sala porque era mais
confortável que o sofá. Joshua, desenhando linhas nas minhas costas, do meu
pescoço até o cós da minha calça de moletom. Eu, deitada com minha cabeça em
seu peito, ouvindo sua respiração e a batida de seu coração e absorvendo seu
perfume como se fosse minha última chance. Ninguém falava nada. E nem
precisava.
Então ele me puxou para perto, me aninhando em seu peito. Quando
já estava a um segundo de cair no sono novamente, senti seu peito vibrar de
leve. Seus braços me envolviam com tanta força que honestamente achei que
ficaria marcada. Normalmente Josh me abraçava como se estivesse tocando em
porcelana, delicadamente, como se tivesse medo de me partir em milhares de
cacos. O extremo oposto do que acontecia no momento. Ele me abraçava como se
não quisesse me deixar partir. Sentia seus lábios no topo da minha cabeça.
Havia Josh para todos os lados em que olhava, estava totalmente tomada e era
bom. Sua respiração estava irregular. A vibração em seu peito aumentou e ele
soltou a respiração pesada, como se sentisse dor. Foi aí que percebi que
chorava. Tentei me desvencilhar de seus braços, mas foi em vão. Tudo o que
consegui foi encostar minha testa na dele.
- Josh? Amor... Josh, porque você tá chorando? – Não me
respondeu. Sentia as lágrimas que brotavam de seus olhos, rolando por suas
bochechas até alcançarem as minhas. A sua respiração irregular, o peito
vibrando contra o meu. – Ei ei, o que aconteceu príncipe?
Novamente ele não me respondeu, apenas tentou se aproximar
mais de mim – mesmo não existindo mais espaço para isso – e passou a abraçar
minha cintura, deitando sua cabeça em meu peito como se fosse um garotinho
buscando abrigo. Eu não sabia o que fazer ou o que dizer já que ele não me
explicava o que estava acontecendo. Beijei o topo de sua cabeça e fazendo um
cafuné, disse sem saber bem o motivo:
- Eu não vou a lugar nenhum. Eu te amo. Eu sou sua e eu não
vou a lugar nenhum.
Joshua continuou chorando até cair no sono, deixando minha
camiseta úmida.
***
A série estava indo muito bem. O lançamento fora um sucesso
e as gravações estavam a todo vapor. Tínhamos a primeira entrevista com a
imprensa marcada para a semana seguinte.
Teen Vougue. Quem diria? Charlie me mandou uma foto dela toda sorridente ao
lado de um cartaz da série que estava colado na entrada do metrô enquanto eu
estava me preparando para a gravação. Meu celular rodou pelas mãos de todos
naquele estúdio, do elenco às maquiadoras e todos estavam extremamente animados
com tudo o que estava acontecendo. Tudo estava dando tão certo na minha vida
que eu acreditava que caso jogasse na loteria, ganharia sozinha. Por isso mesmo
fiz um jogo enquanto voltava do mercado, uns dias depois.
Naquela noite Josh convidara Joseph e Isabella para o
jantar. Joseph estudou Administração com Josh na faculdade, que acabou
conseguindo um estágio para o colega na empresa do pai e os dois trabalhavam juntos
desde então. Na verdade o pai de Josh não era dono da empresa, e a empresa não
era literalmente uma empresa. Margareth, tia de Josh era estilista e o pai era
o responsável por carregar a marca. Tia Margareth (como Josh dizia) vinha com
os modelitos e o pai dele e todos os milhares de funcionários espalhados pelo
mundo cuidavam de todo o resto. Isabella, namorada de Joseph era uma garota de
longos cabelos loiros e olhos azuis grandes como bolas de tênis com quem havia
conversado bastante durante a festa de aniversário de Josh, quase seis meses
antes.
A noite estava sendo maravilhosa. O casal era extremamente
divertido, Josh havia se superado naquela lasanha vegetariana, David Bowie
cantava no vinil que rodava calmo na sala. Tudo estava perfeito até depois da
sobremesa, quando Joseph depois de me ajudar a levar as louças sujas até a pia,
me disse:
- E aí Ally, já tá treinando seu sotaque britânico?
Eu não entendi onde Joe estava tentando chegar com aquela
pergunta, apesar dela ser bem direta na verdade. Vi Josh congelar do outro lado
da cozinha e Isabella ficar mais branca do que cal.
- Você vai visitar o Josh não vai? – Joe dizia num tom
risonho sem nem perceber a expressão de todos ao seu redor.
- Como assi... – E antes que eu pudesse completar a frase,
olhando para o rapaz petrificado do outro lado do cômodo a outra garota
interrompeu dizendo um “agora não é hora pra isso amor”, e dando um tapinha em
suas costas como se o repreendesse. Por sorte o casal já estava de partida
porque tudo ficou bastante constrangedor depois daquilo. Fiquei sentada em um dos banquinhos vermelhos
da cozinha enquanto via o rapaz se despedindo dos amigos na porta e juro que
consegui ouvir Joe dizendo um “Desculpa cara, eu achava que ela sabia”. Eu
claramente estava perdendo alguma coisa.
Josh voltou para cozinha sem levantar os olhos de seus pés e
parou ao meu lado se apoiando na bancada de pedra. Ninguém disse nada por um
período que me pareceu longo demais. Me sentia como se estivesse numa aeronave
sendo pressurizada. Aquele mal estar.
- Me desculpa. – Ele disse finalmente. – Por não ter sido
honesto com você.
- O que tá acontecendo Joshua? – Meu coração batia tão forte
que eu conseguia ouvi-lo nos meus ouvidos. Ele não disse mais nada. – ME RESPONDE
JOSHUA, O QUE TÁ ACONTECENDO AQUI? – Eu não sabia explicar o porque mas estava
a um milímetro de começar a chorar. O peito pesado.
- Eu vou pra Londres. Em uma semana.
E tudo desabou. Naquele momento eu juro que parei de
respirar. Senti meu corpo afundando naquele banquinho como se me tacassem um
bloco de concreto na cabeça. Mal conseguia juntar as palavras pra falar.
- O-Oque? – Perguntei quase num suspiro. Londres. Outra
cidade. Outro país. Outro continente.
- Eu preciso. O cara que tava gerenciando a empresa lá tá se
aposentando e minha tia disse que queria que eu assumisse o cargo. Isso é
enorme Ally, é um passo enorme pra mim. – Ele dizia sem me olhar. Eu não sabia
se dava um tapa na cara dele, se saía correndo, se chorava ou se exigia uma
explicação. Tudo era confuso demais. Uma semana para que ele partisse do país e
ele não me dissera absolutamente nada sobre aquilo. Aquele apartamento inteiro
rodava e eu só queria que tudo fosse mentira.
- Há quanto tempo – Precisei pegar fôlego para continuar a
frase – você sabe disso?
- Foi antes de te conhecer. Dois dias antes. Meu pai me
chamou na sala dele e minha tia estava lá e ela me disse o quanto isso era
incrível e quanto eu merecia aquilo e meu pai me abraçou e me disse que estava
orgulhoso de mim e estava tudo certo até que você apareceu. – Sua voz começou a
ficar embargada ao mesmo tempo em que eu sentia meus olhos se inundando em
lágrimas. Eu não queria chorar na frente dele. – Foi por isso que te disse
aquela vez que eu queria ter te conhecido antes, Ally. – Senti seus olhos
pousados em mim pela primeira vez desde que começara a falar mas me recusei a
olha-lo. Não com os olhos cheios de lágrimas.
- Quando você ia me contar? – Meu corpo inteiro doía. Se eu
tivesse perdido uma luta de boxe meus músculos não doeriam tanto.
- Logo. – Logo?
Faltava uma semana, porra. – Tem muito tempo que eu queria te contar mas eu
ainda estava tentando convencer meu pai a encontrar alguém pra me substituir lá,
ou a assumir a de Londres e eu assumiria a daqui mas ele não quer. Eu não sabia
o que fazer Ally. Eu não sei o que
fazer.
- Quanto tempo?
- O quanto for necessário. Talvez um ano. Ou mais. Ou menos.
Eu realmente não sei.
Eu não tinha o que dizer. Eu não sabia o que dizer. As
lágrimas não paravam de rolar e eu não conseguia respirar e tudo estava errado.
Ficamos em silêncio por outro longo período de tempo e isso doía porque apesar
de tudo eu queria ouvir a voz dele, e só de pensar que eu não o teria por perto
fazia meu coração se partir em milhares de partes.
- Você me odeia? – Me perguntou parando na minha frente e
tentando afastar minha franja com a ponta dos dedos. Eu queria odiá-lo, ah como
eu queria, naquela hora mais do que em qualquer momento, mas de alguma forma eu
simplesmente não conseguia. Tudo o que eu fazia era imaginar como seria ficar
longe daquele rapaz idiota por quem eu era perdidamente apaixonada e chorar
como uma criança.
- Eu não conseguiria nem se tentasse.
E eu acabei não ganhando na loteria.
***
A semana passou rápido demais para minha tristeza. Eu tentei
passar o máximo de tempo que era possível com ele mas as filmagens me tomavam
boa parte do dia. Antes de tomarmos nosso rumo ao aeroporto, Josh passou no meu
apartamento para se despedir de Charlote. “Vou sentir sua falta seu babacão”
ela disse tentando envolve-lo com os bracinhos dela “É bom que você me traga um
guarda-roupa completo novinho quando voltar ou eu não te deixo chegar perto da
minha Ally.”
Ele dirigia devagar, como se tentasse prolongar qualquer
tempo que tivéssemos juntos, mesmo que esse fosse uma viagem até o aeroporto. O
rádio estava tocando mas eu nem estava ouvindo, só sabia que se tratava de Jake
Bugg porque eu mesma havia colocado o cd mais cedo. Eu só queria que me
acordassem daquele pesadelo. Josh estacionou o carro próximo à uma das portas
de entrada e saltou para abrir a porta do meu lado do carro. Estava levando
duas malas não muito grandes, seu pai despacharia o que mais fosse necessário
depois.
Já no saguão eu não conseguia me soltar dele. Meus braços pareciam
estar grudados ao suéter que ele vestia. Mesmo que meu coração estivesse em
cacos, não conseguia derramar uma lágrima sequer. Imaginei que talvez tivesse
me desidratado ao longo daquela semana. Sentia o queixo de Josh no topo da
minha cabeça e seus braços me apertavam tanto quanto naquele Domingo em que o
vira chorar. Dezenas de pessoas passavam por nós a cada minuto mas parecia que
estávamos só os dois naquele lugar. Ninguém falava nada. Eu conseguia ouvir seu
coração batendo e sentia o aroma de amaciante com seu perfume amadeirado e o
cheiro de cigarro. Fechei os olhos tentando gravar aquele aroma para sempre na
minha memória. Só Deus sabia quando eu poderia abraça-lo de novo.
Enfim chamaram seu voo no auto falante. “Embarque imediato”, a voz dizia. Eu só queria que me acordassem
daquele pesadelo. Nenhum dos dois queria se soltar, por mais que fosse
necessário.
- Eu te amo tanto. – Josh sussurrou ao meu ouvido, ainda me
apertando contra seu peito. Como se ainda fosse possível, senti meu coração se
partindo mais uma vez, esmagando os cacos e pedaços ainda menores.
- Eu te amo mais. – Disse no mesmo tom. Era como se estivéssemos
presos dentro de uma bolha, apesar de todo o barulho daquele lugar a voz dele
era tudo o que eu ouvia. Era tudo o que eu queria ouvir pra sempre.
- Eu te ligo quando chegar. – E começou a me soltar. “Embarque imediato”, a voz rompeu nossa
bolha, nos trazendo de volta ao mundo real. – Eu te amo mais do que tudo. –
Joshua me beijou como nunca havia feito antes mas tudo me deixava um gosto
amargo na boca e seu toque me machucava, até que me soltou de vez. E foi em
direção à sala de embarque. E acenou para mim quando parou à porta.
O carro tinha o seu cheiro. Aquela maldita mistura de
perfume, amaciante e Marlboro Lights. Vesti o sinto de segurança e deu a
partida. Reconheci que “Someplace” soava dos auto falantes do automóvel. “Don’t go away. I need you to stay.”
Cheirei minha camiseta. Tinha o mesmo aroma do carro. Cheiro de casa. Cheiro de
Josh. E eu me lembrei que o dia seguinte era um Sábado. O primeiro Sábado que não
o veria em meses. “And I’ll be down on my
knees, begging you. Begging you don’t, I love you.” E se fosse possível,
senti os cacos do meu coração virarem pó ao mesmo tempo que voltei a chorar.
Chorei como nunca havia chorado antes. Chorei todo o caminho de volta.
Por Mariana J.
n/a: 1- E depois de muito tempo, aqui está a quarta parte da história do meu casal favorito, mas espera que ainda tem mais. 2- Pra não fugir pra tradição, aqui está a música título do conto. Espero que gostem.
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