sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

(Quase) Epifania

Enquanto secava meus cabelos mais cedo, acabei por notar que a sua cor natural estava aparecendo em suas raízes e assim descobri que não consigo mais me lembrar de como meu cabelo era um ano e meio atrás. Sei que isso pode soar um tanto ridículo e desnecessário, porém eu não me recordo. Não lembro de como era ter o cabelo três palmos mais curtos do que agora. Não me lembro como é ter uma franja cobrindo minha testa.
Notando o tanto que eu não consigo lembrar de mim mesma, descubro que não lembro mais de muitas coisas - do perfume dos meus ídolos quando os abracei, como calculo a velocidade média de um objeto em queda livre, a voz da minha bisavó, os nomes dos meus amigos da primeira série- e me senti mal. Como eu posso ter esquecido de coisas que antes eram tão importantes pra mim? Como meu cérebro ousa pegar informações novas e coloca-las no lugar de outras que pareciam menos interessantes? Eu nunca mais ouvirei a voz da minha bisavó e hoje eu não tenho ideia de como era, mesmo tendo a ouvido até meus dezessete anos de idade. 
Mas agora, tendo reavaliado meus sentimentos e até filosofado com meus neurônios sobre isso, noto que tudo é fadado ao esquecimento.
Vai chegar um dia em que ninguém vai saber quem eu fui. Aos poucos as pessoas que me conheceram vão esquecer o jeito como eu ria, minhas preferências musicais, o tom da minha voz ou o modo como eu cruzava as pernas. Vai ser como se eu estivesse morrendo novamente para cada um deles, uma memória de cada vez. Isso soa mórbido, eu sei. Para falar a verdade isso já acontece, muito provavelmente os amigos da primeira série dos quais não me lembro os nomes também não lembram o meu. Talvez eles olhem para as fotos da época e digam pra eles mesmos “Eu me lembro dela, mas isso é tudo” do mesmo jeito que eu faço.
De certa forma isso me acalma. Saber que qualquer coisa pode ser esquecida dado um certo tempo.
E isso me fez ver também que nada é permanente. Até uma marca feita com caneta permanente sai um dia. Um dia ruim não dura para sempre, um corte de cabelo que deu errado não fica na sua cabeça por muito mais do que alguns meses, um coração partido não dói pela eternidade, e isso é realmente uma coisa boa.
Eu não vou ficar aqui pra sempre. Ninguém vai ficar aqui pra sempre. Nada dura pra sempre, pro bem ou pro mal. Todos vamos nos esquecer de coisas que hoje são extremamente importantes para nós. Todos nós vamos ter a cor dos olhos esquecidos. Todos nós estamos aqui provisoriamente. Tudo na vida é provisório: nossas vontades, os medos, os melhores momentos e os piores também, felizmente.
Talvez daqui a sete anos eu não consiga me lembrar o porque eu chorava todas as vezes que escutava uma certa música, ou porque tenho uma cicatriz que parece uma lua crescente no calcanhar e eu estou bem com isso, pois eu sei que no passo em que minha cabeça não consegue mais recordar o que antes parecia eterno significa que superamos, que nos libertamos das sensações e das pessoas que antes nos prendiam e estamos abertos a novas coisas. 
Dessa forma eu me permito esquecer como era ter cabelo castanho, me conformo em ter esquecido o odor de pessoas que eu ainda amo, ignoro o fato de não recordar a formula que se usa para calcular a velocidade média de um objeto em queda livre já que afinal, nunca mais a usarei de qualquer forma e aceito ter esquecido a voz da minha bisavó pois sei que a parte mais importante dela continua comigo.
Secar o cabelo acabou sendo de uma forma um tanto inesperada, uma quase epifania. Não me sinto uma pessoa melhor, mais iluminada ou preparada pra vida depois disso, porém eu começo a aceitar que tudo é passageiro e que meus dias de tempestade não vão durar para sempre, assim como todo o resto. O sol sempre volta, e eu já começo a notar as cores acordando no céu.

Por Mariana J. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Sem título

Eu sinto cada pequena gota de água quente acertando meus ombros, minhas costas, meus tornozelos. Cada uma como uma pontada de uma agulha quente e líquida. Assim eu deslizo minhas mãos como garras de um animal feroz sobre a minha pele úmida. Minhas unhas rasgando como navalhas. A água quente deixando os traços mais vivos. Sinto como se estivesse em chamas, mas como seria isso possível se estou envolta por nada mais do que água?

Não é o tipo de coisa que eu consigo realmente evitar.
É como estar de pé sobre areia molhada. A cada vez que as ondas salgadas se encontram com a costa você sente seus pés sendo puxados lentamente para dentro da pasta áspera até que chega uma hora em que você simplesmente não consegue dar um passo a frente. Então você cai.
Quando você nota, já é tarde demais. Quando você nota, já está no chão. E quanto mais você se esforça para retomar os movimentos, mais preso fica.
Inevitável.

Me desperto no meia da noite. Sinto-o se aproximar de mim, seu corpo ocupando o espaço que antes apenas eu ocupava. Sinto o calor. Sinto seu cheiro. Sua respiração. Seu coração pulsante. Cada vez mais forte. Cada vez mais perto. A ponta dos dedos muito mais geladas do que eu poderia esperar tocam meu braço em uma carícia enquanto a voz grave me sussurra ao ouvido.
“Eu voltei. Não vou te deixar.”
Vá embora.
Por favor.
Vá embora.
Me deixe em paz.
“Eu não vou pra lugar nenhum. Eu voltei.”
E eu sinto as lágrimas rolarem em direção ao travesseiro. Tão quentes quanto a água do chuveiro, tão salgadas quanto as ondas que me afundaram.
Eu não sei se consigo continuar assim. Só vá embora.
“Você sempre soube que eu voltaria.”

Não é como uma roupa fora de moda. Ou um corte de cabelo mal feito. Não é o tipo de coisa da qual você simplesmente se livra.
É uma corrida. Uma maratona. Passos largos, o vento acertando seu rosto, os músculos já cansados tentando manter seu ritmo. Até que você escuta – passos – logo atrás de você. E você sabe muito bem quem corre em seu encalço e ainda assim tenta encontrar em algum lugar forças para acelerar o passo e ao menos tentar o som dos pés para trás. Mas cada centímetro do seu corpo dói e seus pés se recusam a seguir em frente. No fim das contas tudo se resume em correr em círculos. Sempre de volta às coisas das quais estava correndo afinal.
Então você cai. Da mesma forma que a areia molhada te ancorou. E o motivo pelo qual você estava correndo, finalmente te alcança.

Não existe hora marcada, nem lugar para encontro. De repente ele está lá. O coração pulsante. Os dedos gélidos. A voz grave. Aquela sensação de que você está preso a ele por um cordão invisível e infinito que não se arrebenta, nem mesmo durante a maratona.
De repente lá está ele. E você sente sua presença nas suas costas. E nos seus ombros. E em todo seu corpo. Ele está lá tanto quanto você. O coração pulsando no peito tanto quanto o seu. Seus dedos tão gelados quanto seu coração. Suas vestes tão negras quanto o céu em noite de tempestade.

Eu olho para o céu e não vejo nenhum brilho se quer. Nenhuma faísca de luz no meio de toda a escuridão. Nenhum. Não tenho nada para me guiar para fora da tempestade. Minha bussola não aponta para o norte. Ela não aponta para lugar nenhum.
Eu não sei para onde vou.
Não sei como cheguei aqui.
Não sei como sair do meio dessas nuvens.
Não sei como fazer a chuva parar de cair.

A sua respiração quente no meu ouvido.  Eu só quero que ele vá embora. Só quero viver os anos que me restam sem sentir o peso de suas mãos sobre meu ombros. Sem ouvir seus passos me seguindo enquanto atravesso a rua. Sempre ao meu lado. Sempre observando. Apenas esperando o momento para voltar e tentar me seduzir, suspirando em meu ouvido, me puxando de volta.

Me deixe ir.

Por Mariana J.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Smells like teenage lust - part.2

I want you
to want me.

I need to know
that you want me
to be yours
as bad
as I need you
to me mine.

I want to have you
not in a
luxury way.

I just have to know
that you could have
any girl
in the word
but you picked me.

I want you
to tell me
late at night
that you needed me
so badly
in your arms
that you couldn’t
even breath properly.

Just like I am
felling

right now.

Por Mariana J.

Smells like teenage lust - part.1

I want to grab your face
in my hands
and kiss it all over it.

I want to wake up
in a Sunday morning
and make you a breakfast.

I want to walk around
holding hands 
with you.

I want you to call me
when I’m feeling 
not so good
and tell me you’re here
and there is
nothing
to be afraid of.



I just want you.

Por Mariana J. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Summer nights

Even though
I have never seen your face,
heard your voice,
tasted your lips
or seeing the way your eyes shine
when you talk about your favorite
movies and bands,
I know you’re somewhere
out there.

And as I look up at the stars
I ask myself
if you are looking for me
the same way I’m looking
for you.

We may be far apart
but we’re under
the same starry skies
and that's enough 
by now. 

Por Mariana J.