quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Sad, beautiful, tragic.


- E quais são os planos pra hoje? – Josh falava com a voz sonolenta. Bem, se eram quase três da tarde em LA, em Londres já eram quase onze. Mais uma coisa no nosso caminho: Fuso horários. 
- Na verdade nada. Consegui terminar a gravação mais cedo hoje então tô pegando o carro pra ir pra casa. – Enquanto eu falava com meu namorado ao telefone tentava andar, respirar, segurar o celular na minha orelha e encontrar as chaves do carro de Joshua dentro da minha bolsa ao mesmo tempo.
- Hm, isso significa que você não vai sair com o seu novo namorado hoje é? – Rolei meus olhos ao ouvi-lo falar isso. Alguns dias depois daquele sábado que passei com Tyler em que conversamos e tiramos fotos com uma fã, as fotos que ela postou de nós juntos começaram a trilhar a internet toda passando de fã sites para (pequenos) sites de fofoca que de algum jeito acabaram parando nas mãos de Josh. Esses sites todos ficavam especulando se havia alguma coisa a mais entre Ty e eu, e é claro que o ciúme do Josh veio com tudo pra cima de mim.
- Joshua, ele é meu companheiro de trabalho! A gente se vê todo dia! – Parei ao lado do carro de Josh (super) mal estacionado. Eu sabia onde isso ia nos levar. Mais uma discussão idiota. Nas últimas semanas mais brigávamos do que qualquer outra coisa.
- Eu sei disso Allison, isso não significa que você tem que ir com ele pra pizzarias, cafés, bares e... Receber ele na sua casa e essas coisas.
- Isso significa que enquanto você tá morando a centenas de quilômetros de mim eu não posso nem ter amigos?  -Comecei a sentir meu sangue ferver. Se Josh estivesse na minha frente eu possivelmente tacaria minha bolsa nele. Bem, se ele estivesse lá nós não teríamos essa discussão pra começo de conversa.
- Eu não tô falando isso Allison, eu só não vou muito com a cara desse Tyler. Eu vejo o jeito que ele olha pra você.
- Você nem nunca falou com o Ty, Joshua!
- Ty... Tem até apelido. – Josh disse num tom sínico, o riso nervoso. Foi então que eu explodi.
- ENTÃO VOCÊ QUER FALAR DO JEITO QUE AS PESSOAS SE OLHAM? ÓTIMO. QUE TAL A GENTE FALAR SOBRE COMO VOCÊ OLHAVA AQUELAS MODELOS SÁBADO PASSADO HUH?
- O que? Do que você tá falando Allison?
Respirei fundo. Encostei a testa na lataria fria do carro na minha frente. Eu estava tendo um ataque de ciúmes. Eu nunca tinha ciúmes, na verdade eu nunca demonstrava.
- O desfile da linha 2015 de lingerie da sua tia, Josh.
Eu só queria deitar no chão daquele estacionamento mesmo e chorar pra sempre. Sentia mais falta de Josh a cada dia, mas a cada briga a certeza de que alguma coisa ia dar muito errado crescia no meu peito.
- Isso é parte do meu trabalho Ally. – Ele respondeu duro.
- Trabalho difícil o seu, podia fazer isso daqui.- Disse no mesmo tom.
- Você sabe que não é assim Ally, eu sou um dos rostos da marca. Sou sobrinho da dona, tenho um dos cargos mais importantes da empresa e ainda sou quase um garoto propaganda da marca. Fora que eu nem ia ao desfile aquele dia, só fui pra preencher a primeira fila já que um dos amigos da minha tia deu pra trás na hora. Só isso.
- Isso não explica aquela modelo ridícula te mandando beijinho da passarela. – Minha cabeça estava explodindo e eu só queria voltar a tantos meses atrás quando nós dois passávamos horas juntos e era só isso que importava.
- Princesa, isso não tem nada a ver. Sério, não fica pensando besteira. Eu te amo mais do que tudo nesse mundo e não é a distância ou modelo ridícula alguma que vai mudar isso ok?
De repente eu estava sorrindo. Esse era o efeito de Joshua sobre mim. Em um minuto eu estava querendo esfolar a cara dele no asfalto quente e no outro eu só queria poder abraça-lo. Senti meu coração mais leve, como se as coisas estivessem voltando para seus devidos lugares, mesmo eu sabendo que estava bem longe disso.
- Eu só queria que você estivesse aqui... – Eu sussurrei pro telefone com as costas coladas na lataria do carro.
- Por enquanto eu não posso princesa, você sabe. Mas eu volto na mesma hora que tiver a chance tá? – Concordei com a cabeça mesmo sabendo que ele não podia me ver- Ally, eu já vou desligar que já tá tarde aqui e eu tô com muito sono mesmo... Amanhã eu te ligo de novo, pode ser?
- Tá certo Josh. Dorme bem tá amorzinho? Te amo muito.
- Você também amor. Te amo muito princesinha.
E toda vez que eu encerrava uma chamada com ele era como se um pedacinho do meu coração fosse arrancado do meu peito. Uma partezinha por vez. Entrei no carro e respirei fundo antes de dar a partida. Pelo menos eu ia pra casa e poderia passar algumas horinhas sozinhas até que a minha melhor amiga e companheira de apartamento desse as caras.

Como imaginava, Charlotte ainda não estava em casa para minha sorte. Não estava me sentindo muito o tipo que conversa e é legal com as pessoas, pelo menos por algumas horas, e o fato de estar sozinha deixava tudo mais fácil. Larguei minhas coisas em cima da cama mesmo e o mais rápido que pude, troquei minha calça jeans e a camisa de malha que eu vestia por uma camiseta que era grande o suficiente pra me servir de vestido. Era uma camiseta vermelha e um tanto desbotada que normalmente usava de pijama quando passava a noite na casa de Josh. Tanto tempo depois ela não tinha mais o aroma do amaciante que ele usava mas ainda assim eu sentia que ela emanava todo tipo de aroma. Todo tipo de memória.
Busquei o maço intacto de Marlboro light que eu havia comprado pouco antes e meu isqueiro. Sem gás. Me xinguei mentalmente por ter esquecido de comprar um novo e fui a procura de alguma caixa de fósforos nas gavetas da cozinha.  Com o maço e os fósforos em mãos fui me sentar na pequena sacada do apartamento. Com os pés descalços encostados na grade e os lábios ocupados, deixei minha mente ir para onde queria.
 Era Março ou Abril. Joshua e eu dançávamos ao som de um LP antigo do Elvis que girava com calma na vitrola que meu namorado comprara num antiquário aos 13 anos. Os dois com pés descalços e roupas gastas. Minha cabeça encostava em seu peito e eu conseguia ouvir seu coração batendo mais alto do que a canção que tocava. Meus braços estavam ao redor de seu pescoço e meus dedos brincando com aquele cabelo permanentemente bagunçado. Josh me guiava pela enorme sala com passos leves e fora do ritmo real da canção, quase como se seus pés não tocassem o chão gelado. Seus braços levando meu corpo para mais perto do dele, os lábios próximos ao meu ouvido. “I’m a fool, but I love you dear until the day I die. Now and then, there’s a fool such as I.” Ele cantava em sua voz rouca. E eu sorria. E tudo estava bem. 
Era estranho a forma como isso parecia ter acontecido há tantos anos quando na verdade cerca de seis meses apenas haviam se passado. Quando me dei conta meu rosto estava molhado, assim como meus pés. Havia começado uma chuva daquelas e eu nem mesmo percebi. Não conseguia ver o sol se por com todas aquelas nuvens pesadas no céu mas sabia que já era hora. Era hora também de jogar fora as bitucas de cigarro do cinzeiro que já ficava estrategicamente em um canto da varanda e tomar um banho/escovar os dentes para evitar mais um sermão de duas horas intitulado: “Como sua melhor amiga acha que você está em um caso de depressão”.
Enquanto tentava tirar todo o odor de fumaça possível de mim, cheguei a conclusão de que ficar em casa não me ajudaria em nada. Pensei em sair andando, pra qualquer lugar, mas então me lembrei de onde morava. Los Angeles é como qualquer cidade grande e não pode ser subestimada. Pensei em ir ao cinema, porém não havia nada que valesse o valor do ingresso, fora que me parecia mais deprimente do que ter que interagir com pessoas. E foi aí que me veio a ideia da única coisa que parecia fazer sentido naquele momento.
***
Tyler
Eu estava semi morto no sofá, tentando decidir que tipo de comida pronta teria para o jantar, quando meu celular apitou do outro lado do apartamento. Surpresa número 1: Por algum motivo ele estava no chão do meu quarto. Surpresa número 2: Era uma mensagem de Ally. Surpresa número 3: Ela estava me perguntando se podia aparecer em casa. “Claro que pode! Tá tudo bem?” respondi rápido. Tinha notado que ela estava um pouco distante no trabalho mas achei que fosse só cansaço. Estávamos em época de fim de temporada e gravando como se não houvesse amanhã.  “Nah, já estive melhor. Só preciso gastar um tempinho com um cara chato mesmo.” Eu comecei a rir e por algum motivo senti que alguma coisa estava acontecendo no meu estômago e orei pra que fosse qualquer coisa que não aquelas borboletas.
Já tinha algum tempo que eu achava que estava começando a gostar, talvez um pouco demais, da minha companheira de trabalho. Mas existiam tantos probleminhas no caminho que eu preferia simplesmente varrer meus supostos sentimentos pra debaixo do tapete.. Ao mesmo tempo que eu queria poder estar com ela, sabia que isso poderia trazer problemas pra nossa amizade e pra nossa química em cena, caso tudo desse errado. “Pode vir pequeninha, só não tenho comida em casa haha” respondi. E de fato não tinha nada. E nem cozinhar eu sei.
***
Allison
Pensei seriamente em ir vestida praticamente que só em peças de moletom, mas ainda assim, ia sair de casa, ser vista e não tem nada mais deprimente do que ser vista na rua de calça de moletom em plena sexta feira.  Deixei colado na porta da geladeira um post it cor de rosa, como Charlie costuma fazer. “Fui pra casa do Tyler. Tô com o celular. Xoxo”
***
Tyler
Assim que ouvi o interfone, já sabia quem esperava na porta do prédio.
- Pois não? – Atendi com uma voz séria mesmo que a minha expressão facial fosse o oposto.
- Boa noite, foi aqui que pediram comida chinesa? – Allison dizia um pouco perto demais do microfone fazendo o som ficar levemente errado.
- Não, eu não pedi comida nenhuma. Na verdade eu tava esperando a entrega de uma menina meio baixinha, tem alguma por ai? – Eu estava me segurando ao máximo pra não rir. Toda vez era a mesma coisa, só mandar subir não era um hábito nosso.
- Hoje é a sua noite de sorte moço, de fato tem uma baixinha aqui.
- Que ótimo! Pode subir então. – Finalmente apertei o botão que destrancava a porta de entrada do prédio e me pus a esperar Ally ao lado da porta.
Não demorou muito até que as portas do elevador se abrissem e ela saísse lá de dentro sorridente. É difícil explicar o quanto eu gosto de vê-la sorrir. Logo quando nos conhecemos no teste para a série, a primeira coisa que me chamou a atenção nela foi o sorriso. Ela é linda por inteiro, cada pedacinho dela, mas existe alguma coisa no jeito com que ela sorri que torna impossível não acompanhar.
- Finalmente concertaram seu elevador. – Ally disse rindo enquanto me abraçava, encostando sua cabeça no meu peito. Ri enquanto beijava o topo de sua cabeça.
- Tá cheirosa baixinha. – Então ela agradeceu um tanto sem jeito enquanto me puxava pra dentro do meu apartamento pela barra da minha camiseta. Não me leve a mal, mas um dos meus passatempos favoritos é deixar Allison sem graça. Ela fica absurdamente fofa.
- Se eu soubesse que você estava de calça de moletom teria vindo assim também. – Me disse enquanto se sentava no braço do meu sofá, os pés sem tocar o chão. – Ah é, e eu menti sobre a comida chinesa. Mas tenho dinheiro se precisar.
***
Allison
Acabamos fazendo um risoto com mil tipos de queijos diferentes e vinho branco. Na verdade eu cozinhei, Ty só ficou reclamando do quanto estava com fome. De fato ele não entende muito de cozinha, não sabia nem onde guardava as coisas. Comida era pouca, mas a bebida... Não faltava nunca naquele apartamento. Depois de devidamente alimentados e levemente embriagados, começamos a limpar a bagunça da cozinha. Eu lavava as louças e Tyler fingia que sabia onde deveria guarda-las. Foi daí que ele começou a cantarolar baixinho:  “Hey little girl, on a spendin' spree, I don't come cheap, but the kisses come free. After first inspection, I'm sure that you'll agree...I'm the ladie's choice.”
- Que? – Eu disse olhando para o ruivo que se esticava para guardar uma taça numa área mais alta do armário.
- Que o que? – Tyler me olhou com as bochechas rosadas.
- Você tava cantando? – perguntei pra ele sorrindo, com as mãos cheias de sabão dentro da pia.
- Tava nada. – Me respondeu fechando as portas do armário.
- Claro que tava Tyler! Eu ouvi! O que você tava cantando?- Então ainda de costas pra mim, vi que ele respirou fundo antes de dizer: “É de um musical”. – Você gosta de mu...
- Eu gosto de musicais Ally. Bastante. – Parecia que ele não sabia como explicar que gostava de musicais. Não que houvesse algum problema nisso mas eu não esperava que ele gostasse. – Durante a faculdade eu fiz um curso de teatro musical e a prova de admissão era que nós representássemos alguma cena de um musical. E eu escolhi essa música. E tirei uma nota muito boa, obrigado por perguntar.
- E de que filme era?
- Hairspray, você já deve ter visto.
-Hm, não me lembro de ter visto. – Respondi enquanto enxaguava minhas mãos. Silêncio total na cozinha. Quando me virei de volta na direção de Tyler ele me olhava como se eu tivesse dito que chuto cachorrinhos na rua. Ou que eu odeio o Natal.
- Temos que resolver isso agora mesmo Allison O’Callagham. Para a sala. – Tyler disse sério enquanto me puxava pelo braço.

Depois que o filme e toda aquela cantoria nos anos 60 acabou, Ty e eu continuamos sentados no sofá falando sobre nada. Falando sobre nada e falando sobre tudo ao mesmo tempo. Aquele tipo de conversa em que não se pensa e um assunto simplesmente puxa o outro que puxa mais um e assim se gasta horas. Havia muito tempo que não me sentia tão confortável com alguém quanto me sentia naquele sofá, as minhas pernas entrelaçadas às do meu amigo que se sentava de frente para mim. Minha cabeça estava deitada no encosto do sofá e eu observava Tyler que me observava. Estávamos em silêncio e a única coisa que eu ouvia era alguma música dos Beach Boys que tocava no rádio, até que ele soltou uma risada baixa e disse:
- Ally, eu preciso te contar uma coisa. – Sabia que provavelmente não era nada sério já que ele estava sorrindo, mas ainda assim não consegui impedir que meu coração acelerasse um pouquinho. Confirmei, roçando minha cabeça na almofada para que ele continuasse falando. – Eu...- Então ele começou a rir mais. Passou as mãos grandes no rosto antes de continuar- Não me julgue ok? – Respirou fundo e então: - Ally, eu já fui emo.
Eu não aguentei. Ri tanto que meus olhos começaram a marejar. Com toda a introdução que ele fez, considerei a hipótese dele ter tido alguma experiência homossexual na faculdade ou algo do tipo, mas não. Ele era parte daquela onda de adolescentes de cabelos alisados e calças justas, e imagina-lo assim era meu novo passatempo favorito.
- Emo, tipo, com as pontas do converse quadriculadas com caneta, franja na cara, lápis de olho, crises existenciais, Simple Plan e essas coisas? – Eu ainda estava me recompondo, limpando os olhos e tentando me arrumar de novo no sofá quando Ty começou a cantar “Perfect” e eu quase morri de rir de novo.
- Sim. Emo com tudo que se tem direito.
- Eu preciso tanto de fotos dessa época.
- Pode esquecer baixinha, os registros fotográficos estão muito bem escondidos em uma casa de uma cidade pequena de Nova Jersey. E ficarão lá para a eternidade. Ou até eu ficar muito famoso e minha mãe ceder as fotos pro TMZ.
Depois de mais algum tempo tudo ficou calmo de novo. Meus olhos cada vez mais pesados, o sofá cada vez mais confortável, a música mais distante a cada segundo até que eu apaguei de vez.
***
Tyler
Eu pensei em acordar Allison mas já era madrugada e eu não me sentiria confortável com ela dirigindo sozinha até seu apartamento, que nem perto do meu era, no meio da madrugada. Ao invés de chama-la resolvi leva-la no colo até meu quarto e deixar que dormisse lá, eu poderia me virar muito bem no sofá.
Tomei o máximo de cuidado possível para que ela não acordasse no trajeto, andando quase na pontas dos meus pés. Enquanto a levava nos braços, Ally colocou uma das mãos sobre meu peito e eu senti meu rosto corar instantaneamente. Assim que comecei a deita-la em meu colchão, a garota segurou a minha camiseta e murmurou “Josh” entre os lábios entreabertos. Eu sabia quem era Josh. Ela me contara toda a história dos dois. Como se conheceram, como ficaram pela primeira vez, as piadas que ele contava, a paixão dele por Elvis Presley, bandas indie e balas de gelatina. Sabia o quanto ela sentia falta do rapaz que eu nunca cheguei a conhecer, e em como sonhava com o futuro dos dois. Sabia que ela o imaginava lendo para os filhos dos dois antes da hora de dormir, com ele criando vozes para os personagens e tudo. Eu via todos os dias o quanto ela estava infeliz e acreditava que estava conseguindo melhorar seus dias ao menos um pouquinho, mas aparentemente ela estava apenas guardando essas coisas para si naquele momento.
- Não me deixa. – Ela murmurava enquanto eu a cobria com um cobertor. Parei do lado dela por alguns segundos. Respirei fundo e deixei meus lábios em sua testa por bastante tempo.  Antes de sair do quarto, falei quase que no mesmo tom de voz que ela, sem saber se falava para mim ou para ela:
- Eu nunca vou te deixar baixinha.

Acordei na manhã seguinte com uma certa dor no pescoço por ter dormido totalmente torto no sofá. Enquanto me alongava me lembrei do motivo de ter dormido na sala: Ally. Sabia que ela costumava dormir até mais tarde então resolvi correr até a cozinha e arrumar a mesa para o café da manhã. Pensei em tentar fazer panquecas mas era esperar demais de alguém que não sabia nem onde a frigideira estava. Cobri a mesa com uma toalha vermelha, dois pares de xícaras, pratos, copos e talheres. Suco de laranja, pães integrais, frios e algumas maças que eu tinha comprado no dia anterior. Era sorte Ally ter aparecido no mesmo dia em que eu havia feito compras porque normalmente eu mal como pela manhã, no máximo café e uma maça no caminho pro estúdio.
Enquanto Allison não acordava, resolvi aproveitar o tempo que ainda tinha sozinho para dar uma olhada nas minhas redes sociais, dar um “oi” para os fãs no twitter – rotina. Assim que abri meu perfil no Facebook, um pedido de amizade me chamou a atenção. Joshua Smith. Dois amigos em comum, sendo eles: Allison O’Callagham e Charlotte Moore. Achei estranho um pedido de amizade do namorado de minha colega de trabalho chegar aparentemente do nada, mas aceitei mesmo assim.
Foi aí que notei que havia uma conversa nova na minha caixa de mensagens. Surpresa mesmo foi ver que era Josh que havia enviado:
“Oi Tyler, sei que não nos conhecemos mas acredite, eu sei bastante sobre você. Muito provavelmente você sabe que eu sou, então acredito que não precise me apresentar. É tudo muito estranho, eu sei, mas eu estou te enviando isso na verdade para fazer um único pedido. Eu peço que você cuide da Allison. Não por mim, por ela. Você já deve ter notado o modo como os lugares parecem que se iluminam quando ela sorri e como ela consegue sempre inspirar o melhor nas pessoas. Eu venho falando com Charlie (que você já deve saber quem é) e sei que as coisas aí não vão muito bem. Talvez pra você ela tente parecer forte, mas eu sei que é só a armadura que ela veste. Ela é muito sensível e precisa ter sempre alguém por perto, mesmo que ela não admita isso pra quase ninguém. Infelizmente eu não posso ser esse alguém agora. Mas você pode. E é só isso que eu te peço: Cuide da Ally. Deixe ela segura, saudável (tente convence-la a parar com os cigarros, por favor) e mais do que tudo, faça ela feliz. Sei que você se importa com ela, eu vejo como olha pra ela nas fotos, então por favor, seja um bom amigo pra ela, você sabe que ela precisa. E eu estou aqui se você precisar de qualquer coisa. Abraços, Joshua. “
Quando terminei de ler a mensagem, tive a sensação de que havia mais por trás daquelas palavras do que Josh me dissera e senti meu estômago revirar na ideia de ver Allison mal. Apenas respondi um “Pode contar comigo” e fechei a janela do navegador assim que ouvi passos no corredor.
- Bom dia grandão. – Ela dizia coçando os olhos verdes. A camiseta amarrotada, os pés descalços, o sorriso preguiçoso e a voz rouca de quem acaba de acordar. Ela era simplesmente linda.
- Bom dia baixinha. – Disse enquanto a abraçava e deixava um beijo no topo de sua cabeça cheia de cabelos castanho claros, como de costume.
***
Allison
De volta para o meu próprio apartamento, já era o fim de tarde (ou quase noite, como eu prefiro chamar) e pra variar Charlie tinha planos para a noite. E pra variar eu não tinha. Só o que tinha em mente era: Alguma comédia romântica no Netflix, pedir nachos por telefone e ficar de pijama. Simples. Enquanto ajudava minha amiga já muito bem maquiada a escolher o que iria vestir para mais uma de suas festas – “Ai, eu vesti esse da última vez”, “Mas o sapato de salto que combina que esse tá pra arrumar”, “Nem serve, não sei porque tá guardado ainda”- meu celular apitou do meu quarto. Era Tyler.
“Você tá sabendo que por algum motivo idiota seu cartão de crédito tava entre as almofadas do meu sofá né?”
É claro que eu não sabia. Não tinha nem notado a falta dele pra ser bem sincera.
“Nossa, que burra. Daqui a pouco eu passo aí pra pegar então.”
“Ei, deixa que eu levo pra você. Vou pra casa do Ashton e passo aí pra te entregar ok?”
“Certo, pode vir quando quiser, não vou sair mesmo lol.”
- É o bonitão Ally? – Minha amiga gritava do quarto em frente ao meu.
-Não, Tyler me avisando que deixei meu cartão de crédito lá. Vai trazer depois.
- Ah tá... Corre aqui ver esse. - Charlotte segurava um vestido tomara que caia, branco e de saia rodada junto do corpo e um par de sapatos de salto em vermelho vinho na outra mão – Esse fica bom?
-O melhor até agora. Se eu fosse você vestia esse logo que daqui a pouco seu namorado chega. – Respondi me deitando em sua cama, enquanto a observava de lingerie experimentando o vestido sem se vestir de verdade na frente do espelho. Vi que ela rolou os olhos azuis antes de me responder.
- Ele. Não. É. Meu. Namorado.
- Mas ele gosta de você. Tá na cara dele. –Ri enquanto pegava um dos milhares de travesseiros encostados na cabeceira da cama.
- O Tyler também gosta de você e eu não saio por aí falando disso. – Me disse com um sorriso malicioso enquanto ia até o banheiro.
- Gosta nada. – Parecia que tínhamos voltado aos nossos 6 anos, quando implicávamos uma com a outra por causa de meninos.
- Aaaaah gosta sim minha querida. – Após alguns segundos, ela voltou já vestida e totalmente arrumada. A beleza de Charlie as vezes ainda me causava uma pontadinha de inveja, mesmo depois de todos esses anos. Parecia uma deusa grega com aqueles cabelos loiros presos e o vestido branco. – Você que não percebe como ele olha pra você. – Enquanto ela falava, conseguia ouvir meu celular tocando do quarto. Era Elvis, ou seja: Josh ligando- Talvez ele nem saiba ainda, mas ele gosta de você sim.
Rindo de Charlotte corri até o telefone que tocava. Tinha só um dia que não falava com ele mas para mim era como se anos tivessem passado.
- Oi príncipe. – Atendi com o coração batendo forte e um sorriso quase me doendo as bochechas.
- Oi linda, tudo bem? – Pelo seu tom de voz Josh mal parecia estar no mesmo mundo que eu. Distante. Pensei que talvez fosse sono. De acordo com minhas contas já era madrugada em Londres.
- Eu tô sim, e você? – Saí andando até a sala e me sentei no braço do sofá.
- Anh...Tô, tô bem sim. Tem planos pra hoje a noite? – Era estranho que eu não sentia que ele estava sorrindo. Joshua tinha essa mania linda de falar as coisas sorrindo. Mas não agora.
-Não exatamente. Vou ficar em casa só. Não devia estar dormindo não, mocinho? – Tentei quebrar o clima fazendo ele rir. E quase deu certo, exceto que ele mal riu. Mas consegui notar um sorriso na voz dele pelo menos.
- Eu ia, mas não conseguia pegar no sono sem falar com você. Não sei se vou conseguir dormir depois disso também mas eu preciso falar de qualquer jeito.
Foi aí que eu vi o que estava acontecendo. Vinha merda por aí e das grandes. Já sentia meu coração em queda livre e as mãos geladas quando consegui fazer minha voz sair de novo.
- O que aconteceu Josh?
Silêncio. Fechei os olhos e senti que ele fazia o mesmo do outro lado da linha. Ele respirou fundo antes de soltar o ar e voltar a falar. Eu sabia o que ia acontecer.
- Não tem jeito fácil de falar isso Ally. – Eu já estava chorando – Eu tenho pensado muito nisso tudo e venho sido um namorado de merda. Você não tá bem e eu sei que pelo menos uma grande parte disso tudo é culpa minha.
- Eu tô bem! – Respondi forçando um sorriso que ele não podia ver, mas a minha voz saiu chorosa.
- Eu sei que você não tá bem Ally. Eu venho conversando com a Charlie esse tempo todo, na verdade ela que me avisou um tempo atrás que você não andava bem.
- Você andava falando sobre mim pelas minhas costas? – Quando olhei para frente vi minha amiga congelada, segurando uma bolsa pequena nas mãos. Achei que ela ia começar a chorar a qualquer segundo. Então ela foi embora, fechando a porta do apartamento silenciosamente.
- Ela te ama demais e só quer o seu bem. E eu não te faço bem. – Mal conseguia enxergar qualquer coisa, da quantidade de lágrimas que me descia o rosto.  “Faz sim”, eu disse quase que num murmuro para o telefone- De onde eu estou só te faço sofrer Ally, e isso não é nem um pouco justo com você.
- Você tá terminando comigo?
- Sim. – Eu não respirava mais. Só consegui cobrir a boca com a mão livre e continuei com os olhos fechados. Aquilo não podia estar acontecendo. Tava tudo errado. Josh tinha que voltar pra casa, pra que nós pudéssemos continuar juntos, como era no começo. Ao mesmo tempo em que o mundo parecia estar desabando a minha volta, eu não sentia nada. Se alguém chegasse e me esfaqueasse no peito eu provavelmente agradeceria a atitude.
- Você não me ama mais? – Tentei falar da forma mais clara possível, porém as palavras saíram como sussurros.
- Não te amar? Allison, eu te amo mais do que tudo no mundo! Justamente por isso eu não posso saber que estou te machucando e deixar assim mesmo. Eu só quero o que é melhor pra você meu amor, e eu não sou o melhor pra você agora.
Eu não conseguia dizer mais nada, era coisa demais pra se absorver em tão pouco tempo. Então era isso? Você ama a pessoa. A pessoa te ama. Mas vocês não podem estar juntos. Fim. As vezes a vida é injusta demais.
- Eu te amo demais princesa. – Minha mão tremula continuava cobrindo meus lábios. Tinha medo de que caso a abaixasse não conseguisse conter o grito preso na garganta. “Não fala isso. Não ajuda em nada” pensei comigo mesma, sem forças pra verbalizar. – Mas eu tenho que fazer isso, por mais que eu sinta que...Eu estou te machucando ainda mais com isso. –Notei que a voz de Josh começou a falhar, como se ele estivesse pronto para desabar.
- Então é o fim?
- Por enquanto é.
- Eu te amo. – Falei com todas as forças que eu consegui juntar.
- Eu também. – Passamos alguns longos segundos em silêncio, como se os dois se recusassem a por um fim naquilo até que Josh voltou a falar: - Se cuida tá?
Não respondi mais nada, apenas concordei com a cabeça e ouvi o toque de ligação encerrada.
Desabei.
Quando dei por mim, estava sentada no chão da sala, com as costas apoiadas na lateral do sofá. Abraçava meus joelhos com tanta força que meus braços tremiam. Na realidade meu corpo inteiro tremia. Mal respirar eu conseguia, o ar entrava em soluços longos entre períodos extensos de lágrimas em silêncio.
***
Tyler
Quando parei na porta de entrada do prédio de Ally, Charlie vinha saindo apressada e de olhos marejados.
- Tyler, acho que a Ally e o Joshua estão terminando. – Então ela cobriu o rosto com as mãos e eu achei honestamente que ela ia começar a chorar, e acredito que ela pensou o mesmo porque respirou fundo e olhou para cima fazendo uma careta leve antes de falar: - Eu só queria ajudar...
- Tá tudo bem Charlotte, pode ir pro seu compromisso que eu tô aqui. Eu cuido da Ally. – Enquanto Charlie me abraçava apertado e me agradecia por estar ali, me lembrei do pedido de Joshua e tudo fez sentido. Ele estava planejando o fim do relacionamento dos dois e queria que Allison tivesse apoio integral de alguém que está por perto a maior parte do tempo.
No caminho até o apartamento das duas, enviei uma mensagem para Ashton para avisar que não conseguiria ir pra casa dele. Eu prometi para ela, mesmo que ela não tenha ouvido, que nunca a deixaria e não tinha planos de quebrar essa promessa tão cedo.
Quando as portas se abriram fui o mais silenciosamente possível até a porta do apartamento certo e esperei para ver se conseguia ouvir alguma coisa. Não queria entrar no meio da conversa e atrapalhar por mais que a simples ideia de ver Ally chorando do lado de dentro me partisse o coração em mil pedaços. E eu esperei. Esperei até notar uma mudança de padrão; antes ela falava – muito baixo – mas falava. Agora não, ela só chorava. Muito alto. Entrei no apartamento com a mesma calma com que fiz meu caminho até a porta. Encontrei Allison sentada no chão, o rosto encharcado apoiado nos joelhos ossudos. A voz pesada. 
Me ajoelhei até a altura dela e beijei o topo de sua cabeça como sempre. Foi só aí que ela viu que eu estava lá. Ally lançou seus braços ao redor do meu pescoço e continuou chorando alto. No começo só o que eu fiz foi abraça-la forte e afagar suas costas com a ponta dos dedos. Aos poucos ela foi se acalmando e relaxando seu corpo, até que consegui – pela segunda vez no dia, se você for pensar- leva-la para sua cama em meus braços. Cobri Allison que ainda chorava baixinho com o primeiro cobertor que consegui encontrar dentro de seu guarda-roupa e me deitei ao seu lado.
Seu rosto ainda molhado, encostado em meu peito coberto com uma camiseta cinza. Meus lábios no topo de sua cabeça, e meus braços ao redor de seu corpo coberto. Pela primeira vez notei que seu perfume era doce; doce como se um pacote enorme de marshmallows acabasse de ser aberto. De pouco em pouco Ally foi relaxando até cair em um sono profundo. A segurei o mais perto do meu peito que consegui, apesar de todas as camadas que nos separavam, e sussurrei em seu ouvido antes de deixar o cansaço me abater também:

- Eu estou aqui Allison, e não vou pra lugar nenhum. Eu prometo.


Por Mariana J.


n/a: É gente, a parte 6 FINALMENTE saiu. Preciso dizer que tô com saudadinhas do Josh, espero que ele volte logo. E você chegou agora na história? Quer lembrar alguma coisa que já aconteceu? Então bora: 1 2 3 4 5 extra

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Metade do meu coração

Eu o conheci há tantos anos atrás que por vezes me parece estranho a ideia de que eu já vivia antes dele me aparecer. E agora, depois dessa boa e longa década, simplesmente não consigo nem ao menos cogitar a ideia de ficar longe dele por mais de alguns dias. Não sei dizer como foi que tudo isso começou ou onde foi que aquele garotinho que conheci na minha época de escola fez casa no meu peito para nunca mais sair, mas por vezes sinto que somos um só.  Aquelas duas crianças que anos atrás se irritavam por pouco - e ficavam brigados por horas - hoje sofrem por ter que carregar o peso nas costas de não poder se ver todas as manhãs, como nos velhos tempos. E sinto como se metade do meu coração batesse no peito dele e metade do dele no meu, dividindo os mesmos medos, as mesmas paixões, sonhos paralelos. Tão iguais em tanta coisa.
Não consigo colocar em palavras, por mais que eu tente, a calma que me inunda todas as vezes que me lembro de que ao fim de cinco longos dias posso novamente voltar para aquele abraço. Abraço apertado, daqueles que se dá sem querer largar. Que gruda o perfume de quem te abraça nas suas roupas. Abraço que aproxima as nossas metades que vivem um no peito do outro. E quando por algum motivo qualquer aqueles braços não podem me envolver, sinto como se o resto da semana não fosse funcionar como deveria. E as costas pesam. E o peito também.
E quando estou com ele eu sei que não preciso me preocupar com nada. Sei que ele estará lá pra me segurar quando eu cair, como já fez tantas e tantas vezes antes, e espero que saiba que eu faria o mesmo num piscar de olhos. Sei o quanto ele se esforça pra entender os meus problemas quando eu mesma não consigo e que me apoia em qualquer coisa, contando que me faça feliz. Clichê falar assim, mas ele é aquela pessoa que consegue fazer flores brotarem nas partes mais escuras e inóspitas do meu peito. Uma das poucas pessoas pra quem eu simplesmente não preciso dizer nada pois com um olhar ele sabe. Ele sempre sabe.
Mas eu espero que ele saiba o quanto aquele sorriso enorme que ele mostra nos lábios todas as vezes que me encontra consegue melhorar meu dia. O quanto o seu riso me faz falta as vezes e que eu faria absolutamente qualquer coisa para que ele sorrisse o tempo todo. Espero que saiba também o quanto eu amo aqueles olhos de ressaca que só ele tem. Grandes, escuros, que parecem conseguir enxergar a minha alma ao fundo mesmo que por vezes se mostrem para mim como um poço que não se pode ver onde termina. E quando seu olhar carrega aquela mágoa que eu já conheço bem, só queria que ele a jogasse toda em mim. Prefiro carregar o dobro de dor no olhar do que ver aqueles olhos tão lindos ofuscados por ela.
Pois saiba também que amo seus cabelos e a forma que sempre deixou que meus dedos brincassem entre os fios castanhos e macios. E ainda que ele não concorde comigo, ainda vou amar a forma como eles costumavam cair sobre a sua testa. Mesmo sabendo que não deveria – melhor ainda, sabendo que ele não deveria- amo também a forma como segura um cigarro entre os dedos. A tragada. Cada pequena nuvem de fumaça que solta por entre os belos lábios que tem. Seu perfil mal iluminado por poucas luzes distantes e como eu queria deixar essa imagem gravada na mina mente pra sempre. Amo também o aroma que fica em mim toda vez que o abraço. O misto de seu perfume com um pouco da fumaça.
Mas acima de tudo, eu amo a forma que nossas almas se entendem. O modo que qualquer conversa flui, sem precisar forçar nada. Simplesmente um assunto puxa outro que passa para outro e no fim estamos falando dos tópicos mais aleatórios possíveis. E conversando. Um ouvindo o que o outro tem a dizer, ponderando argumentos, guardando segredos e dividindo risadas. Eu poderia passar horas nisso. Os dois em qualquer lugar, sem a necessidade de bebidas ou som ambiente – pois com ele o silêncio nunca é constrangedor, é apenas um momento que damos para nós mesmos para poder absorver tudo. E a respiração dele quando adormece ao meu lado vira a melhor trilha sonora, a ponto de tudo parecer quieto demais quando ele parte.
E esse garoto já esteve ao meu lado em tantos momentos difíceis que é ridículo para mim imaginar que eu estaria aqui se não fosse por ele. Mesmo nesses momentos em que tudo parece nublado e o futuro tão incerto como pode ser, eu sei que não tenho nada a temer. Enquanto ele estiver do meu lado, nada pode ser tão terrível. Não imagino meu futuro longe dele, da mesma forma que não lembro como era minha vida antes de conhecê-lo. Depois de tantos anos dessa presença contínua só o que me resta é agradecer por todas as lágrimas que ele secou, cada abraço apertado e cada concelho. Agradecer as palavras tão doces que ele sempre me diz e que colocou no papel algum tempo atrás de um modo que só ele consegue fazer mas que eu ainda tento imitar, deixando essas minhas linhas irem de encontro ao peito dele. Não é muito, mas é o que eu sei fazer.

E sei ainda que se não fossemos quem somos, exatamente como somos hoje, seriamos aquele tipo de casal que causa um misto de inveja e enjoo em quem vê, tamanho amor que sei que dividimos. O que realmente importa é que sei que no dono dos melhores abraços e dos sorrisos mais doces, sei que tenho meu melhor amigo. O melhor amigo que um dia eu poderia sonhar em pedir. Uma pessoa que se importa tanto comigo quanto faria com alguém de sua família. Tenho em Paulo não só a minha alma gêmea, como a certeza de que a outra metade do meu coração está muito bem guardada.

Por Mariana J.

n/a: Dedico essas minha palavras ao melhor amigo do universo/amor da minha vida/alma gêmea/marido caso continuemos solteiros aos 40 e um baita de escritor: Paulo. Te amo muito monstrinho.