terça-feira, 1 de setembro de 2015

Opostos

Eu cresci ouvindo todos os tipos de clichês românticos possíveis. Toda aquela história de que todos nós temos a nossa outra metade da laranja, amor à primeira vista e como os opostos se atraem. Ainda sou um tanto cética com essa ideia de se apaixonar em poucos segundos e principalmente essa história de cada um tem apenas uma “metade da laranja”, mas e quanto aos opostos? Ah, nisso eu acredito. E o pior de tudo, comecei a acreditar por sua causa.
É incrível como duas pessoas podem ser tão diferentes e tão parecidas ao mesmo tempo. 
Gosto de me imaginar como uma manhã de chuva. Calma. Preguiçosa. Nebulosa. Já você é uma tarde ensolarada de verão. Aquele tipo de dia em que o universo parece implorar para que você se divirta. Animado. Quente. Ensolarado. Os meus olhos escuros em nada lembram os seus cor de mar. Eu me sinto perfeitamente bem com um grupo pequeno de amigos, já para você, quanto mais gente por perto melhor.
Eu danço o máximo de músicas de uma festa quanto meus pés conseguirem suportar, enquanto você passa mais tempo na área de fumantes do que provavelmente deveria. Eu sou apaixonada por um bom e velho drama. Você já prefere um filme de ação do tipo que faz seus pulmões pararem de funcionar. Eu sou o doce que é tão absurdamente doce que tomar um enorme copo de água logo após parece ser a única opção. Você é o salgado, o tipo que você precisa todos os dias. O tipo que um só não é suficiente.
Eu sou aquele filme repetido que você assiste numa madrugada de sábado já que não consegue cair no sono. Você é a décima garrafa de cerveja consecutiva na mesa de bar de um grupo de amigos de longa data. Eu sou um tango, você é samba. Eu sou a pessoa que precisa seguir as regras, ter uma rotina, anotar compromissos. Você é aquela que chega na casa de alguém tarde, e no meio da semana, chama para um passeio despreocupado.  Eu tento sempre passar despercebida entre as pessoas, você pelo contrário se diverte em ser o centro das atenções. Eu me preocupo demais com tudo. Você parece não se importar com nada.
Realmente não sei dizer se já tive alguma paixão à primeira vista. Muito menos sei se já encontrei a minha metade da laranja, ou ainda se na verdade são dez metades de laranja e se eu tiver sorte vou encontrar ao menos uma. Pelo menos a parte dos opostos se atraírem me parece bem real. Na física pelo menos é um conceito que claramente funciona. Mas no final talvez tudo isso que nos contam quando somos pequenos, e a mídia reforça com milhares de comédias românticas e músicas pop seja realmente verdade. Talvez os opostos de fato se atraiam, mas isso não significa que eles ficam juntos no final. 

Essa parte eu já queria que não fosse verdade. 


Por Mariana J. 

2 comentários:

  1. Lindo texto <3
    É desse tipo de crônica que minhas noites de tédio precisam.

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  2. Lindo texto <3
    É desse tipo de crônica que minhas noites de tédio precisam.

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