terça-feira, 28 de outubro de 2014

3:33

Eu nunca fui do tipo que se apaixona. Mas então veio você.
Você e esses lábios bem desenhados. Você e seus olhos cor de céu de manhã cedo. Você e suas mãozinhas delicadas. Você e sua mania boba de brincar com os meus dedos, com os meus cabelos, com minhas camisetas e com o que mais conseguir. Você e essa insistência em me fazer feliz mesmo quando não está por perto. De repente cada e qualquer minuto que passei do seu lado se tornou o melhor da minha vida, algo para me manter de olhos abertos até muito tarde.
E mesmo depois de tanto tempo eu insisto em voltar para aquela noite de sábado.  Seus cabelos escuros caindo sobre os ombros, os olhos claros desenhados em preto, o vestido vermelho escuro deixando sua pele ainda mais alva. E quando te disse o quão bela estava, o rubor do que vestia subiu até suas bochechas e refletiu no fundo dos meus olhos.  O jeito com que seus braços envolviam meus ombros enquanto os meus abraçavam sua cintura, usando minhas pernas como acento. Eu só queria continuar daquele jeito para sempre. Meu queixo apoiado em seu ombro nu, meus lábios a centímetros de seu pescoço. E eu o beijo, mesmo sabendo que não deveria.  E você sorri, sabendo que eu te conheço tanto quanto você mesma. Apenas esse momento se repetindo infinitamente, o modo como seus lábios se abrem no sorriso mais belo, fazendo seus olhos quase se fecharem e como tudo isso parece ter saído de um conto de fadas.
Ainda sinto seus dedos brincando com os meus cabelos “longos demais” enquanto eu tentava prestar atenção na avenida deserta. E eu desejei com todas as minhas forças que fosse horário de pico para que todo o caminho até a porta da sua casa fosse o mais demorado possível, assim ao menos eu não teria que me despedir tão cedo. As luzes amareladas dos postes deixando toda a paisagem melancólica e – se possível- seu rosto ainda mais belo, enquanto você encostava a cabeça no meu ombro direito e cantarolava a música do rádio. E quando eu te deixei tarde da noite em frente ao seu portão e você me beijou o canto da boca, desejei que tivesse errado a mira.
A verdade é que você é boa demais para mim. Diz que não gosta de seu próprio sorriso, mas ainda assim não consegue mantê-lo trancado ao meu lado e, Deus, eu me sinto tão sortudo por isso. E aqueles pequenos pedaços de céu que você carrega nos olhos me faz paralisar. Talvez por medo. Talvez porque nenhum outro par de olhos já me observou como os seus fazem. Talvez porque meu medo de te perder seja superior à minha vontade de te ter nos meus braços. Maior do que a minha vontade de te pegar as mãos e nunca mais soltar, encontrar um lugar em que finalmente seremos apenas nós dois.  E isso seria mais do que suficiente.
Mas eu insisto em esconder tudo isso nos cantos mais escuros do meu peito, partes que pertencem a você e ninguém mais. Enquanto tiver seu nome escrito dentro do meu coração, será como se você fosse minha, mesmo que eu seja o único a saber disso. E quem mais precisa saber? Enquanto eu te guardo em mim sei o quão puro são meus sentimentos, e isso basta. Ter suas mãos nas minhas, sua cabeça deitada em meu peito e seu riso me inundando os ouvidos é tudo o que eu preciso. O que mais me dói é saber que isso eventualmente acaba, que um dia nossos caminhos irão se bifurcar e não sei se voltarão a se unir um dia. Eu sou muito sortudo por te ter, mesmo que não exatamente como meu coração deseja. 
Só espero que você saiba disso. 

Por Mariana J.

Nenhum comentário:

Postar um comentário