sábado, 8 de fevereiro de 2014

Não é sobre amor. Ou talvez seja.

Sabe Laura, eu estive pensando muito em tudo ultimamente. Pensei em você, nos teus olhos, nessa sua brancura excessiva, no seu senso de humor estranho, no jeito como você fala e pra ser sincero com você, minha cara, eu já não te sinto dentro de mim.  Eu não penso mais em ti em momentos aleatórios do dia como antes. Eu não me sinto ansioso quando vou te ver. Eu não sinto mais vontade de mandar para a UTI todo e qualquer cara que tente chegar perto de você e, convenhamos, já estava passando da hora disso acontecer.
Eu me lembro de você falando a toda hora naquela mesa plástica azul de todos os caras com quem você saíra, todos com quem você dormiu, todos os momentos constrangedores e as cicatrizes emocionais que alguns te deixaram e eu me esforçando ao máximo pra parecer totalmente despreocupado com tudo isso. E agora eu finalmente não preciso me esforçar mais.
Não estou te dizendo que a sua existência ou a falta dela pouco me acrescentam na vida, apenas que eu vi afinal que de nada adianta ficar te seguindo, suspirando seu nome se não é o meu nome que suspiras. Laura, eu tive tempo suficiente para te observar. Sei como fica seu tom de voz quando resolve que quer ser levada a sério, sei seus filmes favoritos, sei que sabor de pizza você prefere, sei cada traço do seu rosto como se fossem as linhas da palma da minha mão. Sei seus sonhos pro futuro: Casar, ter filhos, uma família completa naquele modelo mais tradicional possível. E mais importante do que tudo, sei também que eu não faço parte desse futuro.
Ah Laura, você merece alguém muito melhor do que eu.
Você merece alguém que te chame pra sair, nem que apenas para andar de mãos dadas. Alguém pra quem você pode ligar às 4 da manhã de uma quinta-feira porque está sozinha em casa e simplesmente não consegue pegar no sono. Você merece alguém que tenha a coragem de dar a cara a tapa e dizer em alto e bom tom o quanto te ama. Alguém que te ame pela pessoa que você é, a Laura verdadeira e não a que eu desenhei na minha cabeça quando sentia tudo aquilo que senti por ti.
Eu amava a garota perfeita que eu idealizei. Eu amei a Laura engraçada, prestativa, carinhosa, trabalhadora, que se da bem com a minha família e com todos os meus amigos. Aquela que rabiscava músicas em guardanapos de papel, a menina extrovertida mas envergonhada demais para abrir a minha geladeira.  A mesma menina que lê romances melosos e guarda todos na estante para quando sentir vontade de tê-los nas mãos de novo. Mas você não é ela e só agora enxergo isso. Agora eu sei que amei a persona que eu criei e Laura, ah Laura, esse é pior tipo de amor que alguém pode sentir.
Para falar a mais pura verdade eu nem ao menos tenho certeza de que te amei, só sei que por anos nutri todos esses sentimentos por ti, seja lá o que isso significa. Eu quis te fazer feliz, quis ser a única pessoa a habitar teus pensamentos, a única com quem você dividiria seu maço de cigarros. Me alimentei dessas vontades por tempo demais para te classificar como uma paixonite adolescente qualquer, mas talvez não foi tempo suficiente para se tornar amor.
Sendo amor ou não, eu declaro nesse momento que não te quero mais como te quis naquela noite em frente a um bar do qual não me recordo mais o nome. Você virava doses de tequila garganta abaixo enquanto cantava para mim a minha música preferida e eu tentava disfarçar o sorriso idiota que brotava no meu rosto tomando goles longos direto da garrafa de cerveja na minha mão. E naquele momento eu sentia que só haviam duas opções para mim: Ou eu te agarrava lá, mesmo com as pessoas em nossa volta ou me jogava na frente do primeiro carro que aparecesse na rua. No final criei uma terceira: Me sentei na mureta, arrumei minha jaqueta e abri outra cerveja. Ninguém precisava saber como me sentia. Você não precisava saber. Você não vai saber.
Hoje meu coração começa a acelerar por outro par de olhos escuros, por outro sorriso, por outra voz, mas isso não faz de você uma pessoa menos importante. Muito pelo contrário minha cara amiga branquela, muito pelo contrário.
Você sempre terá uma parte do meu coração destinada apenas a ti, mas já aviso que não será a mesma que você ocupava antes, então nem ao menos tente se encaixar lá novamente. Você já não cabe lá. Seu lugar é outro. Seu lugar é no coração de outro, não no meu.

Eu quero que você seja feliz Laura. Ah se quero. E você vai ser. Só continue procurando essa pessoa, porque eu mesmo ainda não me cansei de procurar a minha.  

Por Mariana J.

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